Apresentação Breve da Intervenção Urbana.
O edifício foi construído por volta do ano de 1984/85, sendo arquitetonicamente caracterizado pela opção
de varandas na fachada poente e pela opção construtiva da pastilha cerâmica em tons de creme e verdeclaro.
O edifício apresentava graves debilidades dos materiais de revestimento das fachadas.
O revestimento em pastilha cerâmica aplicado na fachada tratava-se de uma forra com uma espessura de
cerca de 0,5 cm, sendo um material que apresentava sinais de fissuramento provocado quer pela elevada
intensidade solar, quer pelos ventos dominantes de grande intensidade ou ainda pelas variações térmicas
do pano de fachada.
Por outro lado, existiam sinais de humidade no piso interior das varandas, que apresentavam problemas
de infiltração, expressos em eflorescências que já se manifestavam nos respetivos tetos, apresentando
graves problemas de aderência de pinturas.
Percebeu-se que nunca se conseguiria resolver os referidos problemas, com simples soluções de tratamentos de superfície, importando antes garantir soluções de fundo.
A proposta de intervenção, situou-se nos três alçados do edifício (fachada poente exposta à Avenida dos
Banhos, fachada norte exposta à Rua Serpa Pinto e fachada nascente exposta ao interior do quarteirão),
incluindo-se os recuos em cada varanda, que correspondeu a todos os pisos incluindo o piso térreo.
A intervenção geral suportou-se na ideia de renovação completa de materiais de fachada, cobrindo
completamente os existentes e propondo a colocação de sectores em placas pré-moldadas de alumínio
compósito, de coloração variada (em fachada ventilada), prevendo-se a inserção posterior de telas de
proteção solar (eventual e à discricionariedade de cada condómino).
Dada a localização do edifício na frente nobre da cidade, na marginal defronte ao mar, foi intenção do Dono de Obra assinalar uma mudança na imagem do edifício que o transportasse para a contemporaneidade, afastando-se da imagem dominante da frente urbana onde se inseria, caracterizada por uma esmagadora maioria de edifícios dos anos 70 e 80, de aspeto e tipologia semelhante.
Pretendeu-se assim criar uma imagem arquitetónica que, para além da resolução das patologias
construtivas existentes, dotasse o edifício de um espírito de “novidade”, “elegância” e “surpresa” que causasse curiosidade nos transeuntes e enchesse de vaidade e orgulho os seus moradores.
Motivo da Candidatura
A presente candidatura ao Prémio Nacional de Reabilitação Urbana procura consubstanciar e carimbar a atividade que tem vindo a ser posta em prática pela nossa empresa no âmbito da reabilitação urbana.
No que respeita a esta obra em concreto apresentada ao Prémio, é nosso entendimento tratar-se de um exemplo interessante de regeneração do património edificado das nossas cidades, que olha para além dos tradicionais centros históricos, hoje alvo de tanta atenção (quase exclusiva em muitos casos).
É já hoje também urgente reabilitar o património construído com mais de 30 e 40 anos. Edifícios com essa idade apresentam já em muitos casos sinais evidentes de degradação, prejudicando a qualidade de uso dos seus proprietários para além de contribuírem para uma imagem decadente e descuidada dos núcleos urbanos onde se inserem.
Essa imagem urbana é sabido que é fundamental para a forma como as cidades vivem e se apresentam a quem as visita.
E porque entendemos que a valorização da reabilitação urbana não se deve esgotar nas ações noscentros históricos, mas também no património edificado de um passado mais recente, que julgamos pertinente esta nossa candidatura ao prémio.
Arquitetura: SC Projectos – A. M. Soares da Costa e André Chiote.